terça-feira, 7 de abril de 2015

Árvores Filogenéticas segundo a Evolução do Bergstrom et al : Quite scaring

To give you a sense of just how rapidly these numbers increase, there are more
13-species trees than there are people on the planet (just shy of 7 billion at present).
There are more 22-species trees than there are stars in the universe (approximately 1023). There are more 36-species trees than there are water molecules in all of
Earth’s oceans (approximately 1047). There are more 53-species trees than there are
atoms in the universe (approximately 1080).

Evolution - Carl Bergstrom e Lee Allan Dugatkin - W.W. Norton & Company - 1st Ed, 2012 

domingo, 17 de novembro de 2013

William Harvey (1578 - 1657)

Médico anatomista e fisiologista inglês, estudou e doutorou-se na Universidade de Cambridge em 1602. Ele foi o responsável por descobrir o modo como funciona a circulação de sangue, tal como hoje a conhecemos.
Para nós parece não ser grande descoberta, mas têm de perceber o contexto em que este senhor viveu - altura em que se pensava que o sangue era fabricado pelo fígado e que era gasto pelo organismo... Foi Harvey também que introduziu a ideia de que o sangue não era gasto mas sim 'reciclado'.
Ainda para mais, o médico inglês não pôde contar com o microscópio porque ainda não existia... Ele dissecava animais enquanto vivos para analisar as estruturas enquanto ainda se mantinham funcionais, o que lhe conferiu vantagem em relação aos seus contemporâneos.
Portanto como podem ver, as 'descobertas' deste homem baseavam-se todas elas em trabalho empírico e posterior reflexão.

Em 1628 lança a obra Exercitatio Anatomica de Motu Cordis et Sanguinis in Animalibus, na qual revela ao mundo que 'o sangue que circula nas artérias regressa ao coração pela aurícula direita, passando daí para o ventrículo direito, e pela artéria pulmonar, é levado aos pulmões, voltando depois pela veia pulmonar à aurícula esquerda', e que todo este sistema mantinha-se em funcionamento devido ao coração que funcionava como uma bomba, que impulsionava o sangue, fazendo o chegar a TODAS as partes do corpo. Sim a todas...Mas como, se não encontramos veias nem artérias no dedo mindinho nem na orelha ? Pois, é aí que este senhor dá outro passo gigante para a sua época: elaborou uma hipótese de alto-nível em que previu a existência de capilares - vasos tão pequenos que nem os conseguíamos ver - mas que tinham de existir !

Esta ideia causou muito gozo e riso quando foi publicada, mas ainda antes da morte de Harvey, ela acabou por ser aceite - teve sorte porque normalmente os grandes génios da ciência só são reconhecidos após a sua morte.

No entanto, a devida confirmação das suas conclusões apenas surgiu em 1661, quando mediante o uso de um microscópio, Marcello Malpighi constatou a existência de capilares sanguíneos.

Em 1646, William Harvey demitiu-se de todos os seus cargos e retirou-se para o campo, onde passou os últimos anos da sua vida.

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' Cor and. malium fundamentum est vitse, princeps omnium, Microcosmi Sol, a quo omnis vegetatio dependet, vigor omnis & robur emanat. '

' O coração dos animais é o fundamento da vida, o primeiro de todos, o Sol do Microcosmo, do qual derive toda a energia, emanam toda a vitalidade e toda a robustez. '                                                                                                                          - William Harvey

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Antes do Pequeno-almoço




Amanhã vou fazer um intervalo, entre o banho e o pequeno-almoço, para descartar uma qualquer hipótese relacionada com a ideia de animal de estimação. Lorenz andou por cá, até aos oitenta e seis anos, fiél à ideia de que isto o mantinha jovem. Pode ser que resulte comigo.

Entre 1903 e 1929, Konrad Lorenz passou de uma infância a coleccionar animais para a licenciatura em medicina, seguindo os desejos do seu pai. Talvez os pais saibam realmente, pois um dos seus professores de anatomia provou ser um entusiasta anatomista comparativo e embriologista, bem como defensor do método comparativo, mostrando-lhe que estas áreas proporcionavam um melhor acesso aos problemas da evolução do que a sua opção inicial, a paleontologia. Volvidos seis anos, encontra-se doutorado em zoologia pela Universidade de Munique, com o seu famoso estudo sobre Imprinting em gansos publicado.
No cenário que precedia a Segunda Guerra Mundial, o seu trabalho foi reconhecido pelo mais tarde denominado Instituto Max Planck, que planeava criar um instituto para a psicologia do comportamento que incluiria Lorenz e Erich von Holst. Sol de pouca dura, já que em 1941 servia como médico no exército alemão e, um ano mais tarde, era prisioneiro de guerra. Hitler e os interesses bélicos e políticos fazem o tempo demorar o seu tempo, e Lorenz não é repatriado até 1948.
Possibilitado de prosseguir o seu trabalho, muda-se para Buldern, e treze anos mais tarde dirige o então criado Max Planck Institute for Behaviour Physiology, em Seewiesen, cargo que ocuparia por doze anos, altura em que recebe, juntamente com Karl von Frisch e Niko Tinbergen, o Prémio Nobel da Medicina/ Fisiologia, pelos seus trabalhos em comportamento animal, com os quais contribuiu para a criação do campo da etologia.
Lorenz faleceu aos oitenta e seis anos, certamente jovial em virtude do seu exercício matinal, deixando obras como On Aggression, certo de que não levamos o humor suficientemente a sério e de que, um dia, todos nós que brincamos às ciências saberemos tudo sobre coisa nenhuma.

«Every man gets a narrower and narrower field of knowledge in which he must be an expert in order to compete with other people. The specialist knows more and more about less and less and finally knows everything about nothing.»
Konrad Lorenz

domingo, 3 de novembro de 2013

Máquinas, coisas pontiagudas, escravos - este post tem tudo!

Bom dia e sejam bem-vindos ao meu primeiro (e altamente demorado) post! A fim de perceber um bocado mais sobre os romanos decidi que devia pesquisar um bocado sobre a sua automatização (se é que se pode chamar isso) e partilhar com vocês o que encontrasse.

*****

A sociedade romana nunca desenvolveu uma economia industrial, nem parecer ter estabelecido qualquer teoria geral do progresso económico. Faltavam-lhe os instrumentos financeiros necessários ao investimento industrial e não tinham noções de produtividade ou procura e oferta de bens de consumo. Isto não significa que os romanos não tivessem espírito inventivo suficiente ou não o aplicassem quando detectavam e compreendiam uma necessidade específica, embora, para ser franco, é sempre essa a sensação com que fico quando me apercebo da quantidade de hábitos e tecnologias que eles pediram "emprestados" a outros povos.

A manufactura romana começou e manteve-se em pequena escala, ao nível do artesanato mais do que da indústria. Este fracasso no desenvolvimento de uma tecnologia industrial é por vezes atribuído á presença dos escravos, que se diz terem provocado uma onde geral de preguiça no que toca a tentar reduzir custos de trabalho por meio da mecanização. É claro que houve outros factores (muitas sociedades não esclavagistas também não se industrializaram):

No Império Romano havia frequentemente um excedente de mão-de-obra livre, especialmente nas grandes cidades o que levava a tentativas de mecanização diminutas, como é o caso do arquitecto Vitrúvio que recomendou o uso de uma máquina de ceifar do seu próprio engenho.

Mesmo assim nestes casos diminutos às vezes demonstrava-se um bocado de… falta de jeito. O uso de materiais impróprios para as tarefas esperadas dos aparelhos criados era comum, como por exemplo o caso dos equipamentos dos moinhos de água de Barbegal, construídos a partir de madeira e seguros aos seus eixos por cavilhas de chumbo quebradiças, fazendo com que estes precisassem de manutenção e reparações constantes.

Sinto-me obrigado a fazer uma menção aos famosos aquedutos, que embora tenham sido um grande avanço tecnológico não são propriamente mecanizados e, como tal, não vou dizer mais nada sobre eles. Pesquisem vocês. Preguiçosos.
Agora...



No que toca a tecnologia militar os romanos demonstraram desde sempre uma adaptabilidade incrível às manobras tácticas de outros exércitos e um estrito protocolo de treino e equipamento, conferindo ao exército romano um misto bem conseguido entre vanguardismo e inovação. 

O treino do exército romano era bastante standardizado: todos os bons legionários deviam conseguir marchar bem e marchar depressa (de maneira a compactar o exército e prevenir ataques aos flancos), tal como também deviam ser capazes de bons saltos em comprimento e altura, nadar bem e carregar sacos pesadíssimos às costas. Adicionalmente, quando o treino de combate propriamente dito começasse os legionários eram obrigados a fazê-lo com espadas de madeira concebidas para serem duas vezes mais pesadas do que as espadas a sério.

Vamos, finalmente, aos brinquedos. Todo o legionário possuía consigo este equipamento, a inovação em defesa pessoal e vazamento de vistas:
  • A sua armadura, embora diminuta pelos padrões imperiais europeus, protegia o torso e a perna esquerda (sobre a qual avançavam com o escudo). Alguns soldados mais abastados usavam também cota de malha sobre a armadura o que os fazia ter um peso grande o suficiente para afundarem (e consequentemente afogarem) como se verificou com desertores da batalha do lago Transimeno (Abril 217 A.C)
  • Um escudo grande e curvo – o scutum. Este escudo com cerca de 10 kg tinha um papel defensivo e ofensivo, protegendo o soldado de inúmeros projecteis e investidas com a sua enorme envergadura mas também permitindo a este abalroar o adversário com uma investida a alta velocidade (é muito mais difícil correr com 10 kg extra no braço do que parece).
  • Duas lanças, normalmente de 2 metros – as pila. [Sim, é assim que se chamam, grow up] Não há muito a dizer… Todos os exércitos têm uma “coisa-pontiaguda-que-atiras”; Esta era a dos romanos. Eram lançadas antes do combate mano-a-mano e tinham uma ponta de metal e um cabo de madeira substituível portanto podiam ser facilmente recuperadas e arranjadas.
  • Uma espada curta – o gládio ou gladius hispaniensis. Tinha um papel maioritariamente de perfuração, com pouco ênfase no corte, não por falta de capacidade (conseguiam desmembrar os alvos) mas porque se tornava mais fácil, devido ao tamanho e leveza da arma, perfurar (que diga-se de passagem é melhor contra armaduras do que o corte). Julga-se que foi introduzida por mercenários espanhóis na luta por Cartago na primeira guerra púnica (264 até 241 A.C)
  •  Um punhal – o pugio – que continua, pelo que eu consegui perceber, sem se saber bem se servia como uma arma de último recurso ou se tinha outro uso *para além / sem ser* este.



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É tudo por enquanto. Sou capaz de fazer uma segundo post a falar só sobre as tácticas romanas. 
We'll see.

Versão tl;dr : Não fizeram máquinas de jeito mas tinham um equipamento *fabuloso*.

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

A Diferença entre uma Alface e um Elefante

Há umas semanas atrás, o professor Luís disse-nos que, numa conversa, o cientista Hans Krebs lhe disse:
Só nos tornamos biólogos a partir do momento que deixarmos de constatar diferença entre uma alface e um elefante.
Mas afinal, não existe uma diferença tão grande entre uma alface e um elefante?
Arriscaria-me a dizer que,  assim que avançamos em consciência, essa diferença vai se desvanecendo.
Na faculdade temos inúmeras cadeiras que nos ensinam a ver as diferenças entre um alface e um elefante, mas não temos nenhuma cadeira que nos ensine a não ver qualquer diferença entre estes dois seres vivos...
 Mas para vos convencer de tal, vou vos apresentar várias teorias (das quais as maioria provém da Grécia  Antiga) que vos ajudará a abrir os olhos se ainda não se tiverem tomado conta da Unidade em tudo o que existe.
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Começo por falar muito resumidamente da antiga Alquimia, em que o seu funcionamento consistia em reduzir a matéria à sua unidade comum, para assim puderem reestruturá-la, transmutá-la. Curioso…
Falo-vos agora igualmente resumidamente do átomo. Esta ideia surgiu na Grécia antiga com Leucipo, Demócrito e Epicuro, que suponham que toda a matéria seria constituída por esta unidade indivisível e espaços vazios.
Tenho de falar-vos também de Heraclito e Parmênides, (que tinham pontos de vista aparentemente contrários mas que mais tarde, Aristóteles e Platão visaram conciliar numa teoria que supere a oposição de conceitos das duas doutrinas).
Eles começam a especular sobre a natureza das coisas, e é engraçado ver como tão diferentes  e tão iguais, a certo ponto, as suas teorias revelam ser (pelo menos aos meus olhos).
Começo por Heráclito de Éfeso, o filósofo sem mestre.
Ele dizia:
  "Tudo flui e nada permanece; tudo se afasta e nada fica parado...
  "Nunca nos banhamos duas vezes no mesmo rio,
pois na segunda vez não somos os mesmos, e o rio também não."
 “É na mudança que as coisas acham repouso."
Ou seja, o Universo é um fluxo ou mudança permanente de todas as coisas, tudo passa, tudo se move e se transforma a todo o momento. Existe uma unidade do múltiplo e uma multiplicidade do uno, porque ela consiste na conjugação e balanço entre os opostos.
Para ele, tudo está em movimento, em fluxo contínuo, mas a realidade possui uma unidade básica, uma unidade na pluralidade. É a unidade dos opostos: dia e noite, calor e frio, masculino e feminino,  os opostos que se complementam… yin & yang ?
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Por outro lado, temos Parmênides, que embirrava com Heráclito:
"Fora com os homens que nada sabem e parecem ter duas cabeças! Junto deles está tudo, também seu pensamento, em fluxo. Eles admiram as coisas perenemente mas precisam ser tão surdos quanto cegos para misturarem assim os contrários!".
Parmênides ordena a realidade em 2 classes: o ser e o não ser. Por exemplo, temos a luz (ser) e a escuridão (não-ser), em que a escuridão nada mais é do que a inexistência de luz.
No entanto, ele necessitava de explicar a mudança... o vir a ser (um ser que se torna não-ser ou um não ser que se torna ser).
Ora ele partiu do princípio que o Ser, como sempre foi e será  Ser, nunca poderá ter vindo do Não-ser, assim como o Não-ser nunca poderá ter vindo do ser. Portanto, não há mudança - Só existe ser e não ser.
Apenas existe um Ser único, omnipresente e intransmutável, e a mudança (vir-a-ser) evidenciada pelos nossos "sentidos mentirosos" é apenas uma ilusão sensorial.
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Agora Empédocles . Ele falou-nos dos 4 elementos que constituíam tudo o que existe. A Água, a Terra, o Fogo e o Ar, eram as raízes de tudo. Influenciada pelas proporções em que esses elementos forem combinados, será a diferença entre estruturas.
Constatando uma evidente mudança nos arranjos e combinações destes elementos, Empédocles pressupõe a existência de duas forças, uma atrativa e outra repulsiva. O
Amor contribui para a junção e união dos diferentes elementos, enquanto que o Ódio/Revolta resulta na separação dos mesmos elementos.
Previa também que no início de tudo, os 4 elementos e as 2 forças "da mudança" coexistiam numa condição de repouso e imobilidade na forma de uma esfera. Os elementos encontravam-se todos unidos na sua pureza porque o Amor predominava nessa esfera, sendo que o ódio ocupava os extremos da mesma. Porém, a certo ponto, a revolta ganhou força e destruiu a união existente entre os diferentes elementos, sendo que se passou verificar uma constante "dança de contrastes e oposições", regido pelo balanço entre o amor e o ódio.
Empédocles acreditava num universo cíclico onde os elementos regressam e preparam a formação da esfera para o próximo período do universo.
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De seguida, Anaximandro. Este excerto explica muito clara e resumidamente o pensamento do filósofo acerca do tema que vos quero falar.
‘Depois de Tales considerar que todas as coisas tinham como principio a água e a humidade, Anaximandro começou a pensar em como explicara existência do seco, do quente, do fogo. A água é uma das substâncias materiais mas não a única. Tem de haver, portanto, algo mais fundamental do que a água e que seja o verdadeiro princípio de todas as coisas e o substrato de todas as mudanças. Esta realidade mais fundamental é difícil de caracterizar mas poder-se-ia dizer que é a matéria em geral, anterior a todas as suas determinações e limitações concretas, ou seja, algo de indeterminado e ilimitado, a que Anaximandro dá o nome de ápeiron. No seio desta matéria originária, ilimitada e indeterminada, há diversas tendências contrapostas que se opõem continuamente entre si. O seco opõe-se ao húmido. O quente opõe-se ao frio. Em determinada matéria infinita uma destas tendências triunfa momentaneamente sobre a sua contrária, dando lugar às coisas e fenómenos que observamos. Este triunfo de uma tendência à custa de outra é uma injustiça que com o tempo é reparada pelo triunfo da tendência oposta. Como diz Anaximandro: As coisas pagam justa reparação umas às outras pelas injustiças que cometeram entre si, segundo a ordem do tempo. Assim o calor triunfa injustamente no Verão, injustiça essa que é reparada com o triunfo da tendência contrária - o frio - no Inverno. O fogo evapora a água, mas a água apaga o fogo. Ao dia sucede a noite e à noite o 'dia. Subjacente a todas estas lutas implacáveis e intermináveis, a esta sucessão de periódicas injustiças e reparações, permanece a matéria-prima indeterminada, o ápeiron, do qual tudo surge e ao qual tudo retorna.

-retirado de http://lrsr1.blogspot.pt/2011/04/anaximandro-o-apeiron-e-o-principio-de.html

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Panteismo ___  é a crença de que absolutamente tudo o que existe compõe um Deus abrangente e imanente, ou que o Universo (ou a Natureza) e Deus são idênticos.
O filósofo holandês, de origem judia e portuguesa, Baruch Spinoza, filósofo holandês do séc. XVII, de origem judia e portuguesa disse "Só o mundo é real, sendo Deus a soma de tudo quanto existe".
Espinosa é conhecido como um dos maiores defensores desta crença, mas ela já existe provavelmente desde a época pré-histórica, numa altura em que o Homem vivia em perfeita harmonia com a Natureza.
‘Não existe efeito sem causa. Assim, para todo efeito deve haver uma causa. E, para todo efeito inteligente também deve haver uma causa inteligente. E, se o universo compreende um conjunto de efeitos inteligentes, logo a causa que os produz é inteligente nesta mesma proporção. Assim, a essa causa chamamos Deus. ‘
-- Elio Mollo
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Macrocosmos e do Microcosmos___ 'é um conceito Neo-Platónico influenciado no pensamento da antiga grécia que procura ver os mesmos padrões reproduzidos em todos os níveis do cosmos, a partir da maior escala (macrocosmo ou em nível de universo) até à menor escala (microcosmo, nível sub-atómico). No sistema do ponto médio é o homem, que resume o cosmos.'

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A evolução da sociedade em que vivemos tem sido conduzida para um sentido em que tudo se separa, tudo se diverge. Sentimo-nos separados, isolados... No meio da cidade é difícil sentirmo-nos conectados com tudo. Perdemo-nos em nós próprios… Vivemos rodeados de milhares de pessoas, e ainda assim por vezes sentimo-nos extremamente sozinhos.
Somente nós, o ser humano, se mantém grande parte da sua vida deslocado, sendo que lhe passa despercebida esta Unidade que envolve tudo o que existe no Universo. A grande causa é o ego, que cria a falsa sensação de separação.
Ouvimos falar várias vezes de que o homem precisa de aprender a  se integrar na Natureza...
Conceitos tal como 'interagir com a Natureza' é algo que os animais não conhecem, porque eles SÃO a natureza, assim como nós, mas esta nossa mente complexa conseguiu fazer com que nos sentíssemos separados, deslocados. O mais engraçado é que apenas divergimos dos restantes animais em termos evolutivos:  somos evolutivamente mais desenvolvidos em capacidades cognitivas e racionais, e assim, em nível de (auto) consciência (nem todos).
Somos todos feitos do mesmo
A única coisa que muda são os arranjos dos átomos entre si.
' O azoto/hidrogénio no nosso ADN, o cálcio nos nossos dentes, o ferro no nosso sangue, o carbono nas nossas tartes de mãça, foram feitos no interior de estrelas que estavam a colapsar. Nós somos feitos de pó de estrelas.'
                - Carl Sagan

O engraçado é que somos o único ser que tem a capacidade de ser auto-consciente…
      e agora reflitam nisto:

Nós somos a maneira de o Universo se conhecer a si próprio.'
          - Carl Sagan
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Se repararmos, a única diferença entre nós, um ser humano, e a primeira célula que trouxe a vida para este nosso planeta, é unica e excluivamente o tempo. O tempo fez desenrolar processos evolutivos, e fez essa célula primitiva evoluir para seres cada vez mais complexos - um deles somos nós.
Então, talvez, a diferença entre uma Alface e um Elefante seja o TEMPO, que fez com que os átomos, e consequentemente, as moléculas tomassem diferentes arranjos, em crescente complexidade.
Todos provemos de um ancestral comum, é tão simples como isto !
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Basicamente, só vos queria lembrar que somos todos feitos de 99% de espaço vazio e 1% de matéria, que nada mais é do que energia condensada (disse Einstein).
Nós perdemos noção da nossa verdadeira essência.
Desculpem se me dispersei muito no tema… Mas existem certos temas que me “puxam” muito porque sinto que muita gente (gente demais) vive alienada neste planeta.
Talvez, incluindo até eu.
João Gonçalo Dias
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'Estamos todos conectados.
 Entre nós, biologicamente.
 Com a Terra, quimicamente.
 Ao Universo, atomicamente.'
             -Neil Degrasse Tyson

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

All your base are belong to us

Então, tudo bem? A família vai boa? 

Isso é que é preciso.

Lembram-se da senhora que perguntava se estavam a chover chouriças?
Ou da senhora que afirmava que o volume das colunas estava muito alto?
Ou do nyan cat?


São coisas que se tornaram "virais".
São giros, estes fenómenos da internet. 
Os memes são, sem dúvida, fenómenos giros. 


Gostam de ir ao 9gag? 

Eu sei que sim. 

Aposto que alguns de vocês até vão ao 4chan.
Ah, meus grandes malucos. 


Há gente que concorda que aquilo estava muito alto.
Estão, portanto,  familiarizados com a palavra “meme”. 
E com os memes do Richard Dawkins




Sim, com os memes do Richard Dawkins.


Há quem tire fotos na casa de banho.
O Richard Dawkins tira fotos com fósseis de amonite.
O Ricardo é biólogo e gosta de escrever coisas.

Uma das coisas que escreveu foi  “O Gene Egoísta”, publicado em 1976.
É aqui que ele expõe a teoria de que possuímos dois tipos de unidades fundamentais: os genes e os memes.

Os genes já toda a gente sabe o que são:  a unidade fundamental da hereditariedade e do genoma. Aquilo que nos define sem influências exteriores.
(Por agora não vou falar de epigenética, ficará para outra altura)

Os memes são outra conversa: os memes são a unidade fundamental da memória e do conhecimento. Chegam-nos através do exterior, são o ambiente, são condicionamento.

Em termos análogos, os memes são genes culturais.  

Os memes podem ser ideias, ou parte delas.
Os memes podem ser línguas.
Os memes podem ser valores.
Os memes podem ser piadas giras (ou secas).
Os memes podem ser filmes de terror dos anos 30.
Os memes podem ser canções do José Cid.
Os memes podem ser uma gravura do Max Ernst.
Os memes podem ser um texto do Mário Henrique-Leiria.
Os memes podem ser uma receita de bacalhau espiritual.
Cultura.
Pequenos pedacinhos de cultura.


Surpresas da pesca
Não tinha dado nada.
Preparava-me para voltar para casa, mas resolvi atirar a linha uma última vez.
Senti um esticão bem forte. Segurei firme e comecei a enrolar o carreto com cuidado, devagar. E não é que vejo vir um nazi no anzol!! Um nazi bem bom, dos grandes! Fiquei admiradíssimo, tinham-me dito que já não havia. Tratei de o tirar com o auxilio do camaroeiro e fui verificar imediatamente. Era mesmo. General e SS, calculem! Com boné, medalha suástica e tudo. Vá lá uma pessoa acreditar no que lhe dizem! Meti-o logo numa lata, enquanto estava fresco, e despachei-o para a Peixaria Nacional. Lá devem saber o que fazer com ele. A mim, francamente, não me serve para nada.
Mário-Henrique Leiria

(Isto que acabaram de ler é um meme.)


Richard Dawkins – ou Ricardo, para os amigos – atribui a estes pedacinhos de cultura – ou memes, para os amigos – propriedades evolutivas.
E, sendo um autoproclamado neodarwinista, o Ricardo tenta aplicar a selecção natural aos memes. A selecção natural e outros termos e conceitos fundamentalmente biológicos.

Os memes, tal como os genes, são transmissíveis.

Não da forma tradicional, claro.
Não existem processos de meiose ou de fecundação envolvidos.
Nunca ouviram uma mãe católica a dizer:
“Não sei o que se passou… Durante a gravidez, fiz tudo o que o doutor disse: não bebi álcool e tomei todos os suplementos alimentares. Mas vai daí e o moço nasce-me budista.”
"Meu pobre filho..."
"Meme" vem do grego “imitar", e estes memes surgem em diferentes indivíduos por imitação

(Sendo "imitação" levar informação do ambiente até ao cérebro através das sensações - segundo Gabriel Tarde)

Por ensinamento.

Por influência. 

Aquilo que o sôtor Ricardo chama de “macromemes”, memes complexos, como as religiões, são o perfeito exemplo da transmissão memética: 

A mãe católica tem um filho: 
Quando nasce, o miúdo não passa de informação contida em genes. 
Ainda não foi exposto à influência do ambiente. 
Pode muito bem vir a ser católico (com memes que a mãe certamente tentará impingir ao miúdo), satanista ateísta (se estiver revoltado com a vida e ler a Bíblia Satânica de LaVey), satanista teísta (se descobrir que a paz espiritual resulta do sacrifício de uma vaca) ou wiccan (se descobrir que a paz espiritual resulta de rituais que envolvem facas que simbolizam o falo do Deus - athame).
Tudo depende daquilo que o rapaz irá imitar (consciente ou inconscientemente) das influências que recebeu. E isso define, em parte, o organismo.

"Athame? O que tu queres sei eu."
- Freud

"Então e o meme evolui?"
Sim, o meme evolui.

As ideias vão sendo sendo seleccionadas (naturalmente ou artificialmente).

Exemplo:
Tu tens o meme que te permite fazer uma catana.
O teu inimigo tem o meme que lhe permite fazer uma AK47.
Tu estás em maus lençóis.
O teu inimigo tem maior probabilidade de sobrevivência e de transmissão do seu meme.


Para além do sucesso cultural, a perpetuação de um meme depende também de outros factores:
Experiência – É menos provável que acredites num meme que não tem nada a ver com a tua experiência pessoal, que não te diz nada.
Felicidade – É muito mais giro acreditar em memes que te deixam todo contente.
Medo – És, por vezes, levado a acreditar em memes pelo medo (não queres arder no inferno, pois não?)
Economia – O meme propaga-se por influência. Pessoal com dinheiro consegue mais facilmente fazer chegar o seu meme a uma maior audiência. Para além disso, se um meme te favorece os bolsos, vais certamente apostar mais nesse meme.
Censura – A PIDE andava aí a apanhar comunistas. A Igreja Católica andava aí a queimar livros. E mais não digo.
Conformidade – Os memes populares têm mais sucesso. A norma social não passa de um conjunto de memes. Queres integrar-te num grupo? Então tens de seguir minimamente a sua rede memética. Terás até mais facilidade em encontrar um companheiro(a) desse grupo (e aqui entra a selecção natural).


Saber fazer isto num contexto bélico: exemplo de um meme que não te leva a lado nenhum
Temos, portanto, processos de selecção natural e de hereditariedade na evolução memética.

Mas, se existe tanta diversidade memética, será que os memes sofrem mutações?

Sim, os memes sofrem mutações.

As línguas sofrem mutações. As ideias sofrem mutações. 

Normalmente, por questões interpretativas

(Quem conta um conto, acrescenta um ponto)
(Espetacular é ter usado um meme - o provérbio - para explicar os memes)
A palavra “meme” é exemplo de uma mutação memética:

Aquilo que em 1976 era, para Richard Dawkins, a ideia da unidade fundamental do conhecimento e da memória, sobre a qual ele escreveu um livro inteiro (daqueles com folhas e tudo) é em 2013, para a grande maioria da nossa geração, isto: 


LOL U MAD, DAWKINS?

Mariana Nunes

segunda-feira, 21 de outubro de 2013


Mapa-múndi das espécies animais atualizado

A vinte de Dezembro de dois mil e doze um novo marco na história do conhecimento humano deu-se. Foi, assim, apresentado ao mundo um novo mapa que permite ao ser humano estudar de maneira mais verosímil a árvore filogenética das espécies.

Tal proeza foi conseguida por uma equipa internacional de investigadores, entre os quais, um português – especialista em biodiversidade.
Esta equipa combinou dados geográficos e evolutivos, recolhidos ao longo de vinte anos, incidindo sobre vinte e uma mil e trinta e sete espécies e “construiu” o contemporâneo mapa da distribuição geográfica de algumas espécies animais Terrestres (tais como mamíferos, não marinhos; anfíbios e aves).

O novo mapa, explanado na mundialmente conhecida revista Science, atualiza, reconstrói e “corrige” o mapa antigamente utilizado, que servia de substrato aos mais diversos trabalhos de estudo e investigação  acerca da biodiversidade animal do nosso, tão peculiar, planeta. Mapa esse que data de 1876!

Idealizado e registado por Alfred Russel Wallace – já nosso conhecido das aulas de HPB como co-descobridor, de certa forma, independente de Charles Darwin, da teoria das seleção natural das espécies. O desatualizado mapa apresenta, contudo, inúmeras semelhanças com o moderno exemplar.
Não esqueçamos que tais similaridades mostram ser um feito, com F maiúsculo, dado que tudo foi conseguido através da simples observação empírica, e muitas vezes relatada, até. Tendo por base uma tecnologia muito “precária”, face à dos dias que correm. Uma realidade inevitavelmente diferente à nossa.

Todavia os autores da versão mais recente do mapa-mundí das espécies animais mundiais revelam a existência de divergências (com base nos “lotes” de informação genética aos quais temos acesso, nesta geração que decorre, permanentemente) entre mapas, que, segundo os mesmos, pode marcar a diferença na concepção de futuros programas de conservação das espécies.
O erro crasso de Wallace foi não ter tido em conta (talvez pela muito provável falta de “ferramentas”) as filogenias, embora estas já lá estivessem (na sua noção construtiva e palpável de mapa) de forma qualitativa.

Alfred Wallace é visto como o pai da biogeografia, principalmente pelas conclusões a que chegou, observando o mundo com olhos de quem vê. Como quem busca o conhecimento da vida e da formação desta, da mesma forma que procura respirar.

Fruto de tais observações surgiram os reinos de Wallace. Seis vastos reinos que visavam fornecer informação prática em relação à origem evolutiva das múltiplas espécies existentes.
O atual mapa medra mais cinco reinos, subdivididos em vinte regiões e ainda distingue o reino Saro-arábico (constituído pelo norte de África e pela península Arábica) do reino Paleárctico  (que reúne a Euroásia) e Afrotropical.

Foi ainda possível afirmar que Madagáscar, ao contrário do que Wallace pensava, não estava “ligada” a África, mas sim à Índia. O que tem uma importância significativa no que toca à conservação das espécies, pois se Madagáscar estivesse, de facto, ligada a África, a sua prioridade seria menor.

Também foi possível ser feita a distinção de um reino, a sul do Paleáctico, o reino Sino-japonês. Enquanto que a Nova Zelândia passou a pertencer ao mesmo reino que a Austrália (o que não era o caso até à data). Contrariamente, o reino Australiano foi dividido, tendo sido formado, por conseguinte, o reino Oceânico – do qual faz parte a Nova Guiné e as ilhas do Pacífico.

O jovem modelo do mapa permite, acima de tudo, resolver a questão que diz respeito àquilo que hoje é conhecido com “As linhas de Wallace”.
Este conceito vem figurar um obstáculo à dispersão das espécies animais. De acordo com o notável naturalista (A. Wallace) estas “linhas” assinalariam uma desagregação entra as faunas do antigo reino Oriental (que inclui o Sudoeste asiático e o subcontinente indiano) e o reino da Austrália. No fundo, uma fronteira que reivindica contrastes biológicos e divergências de ecossistemas. Wallace havia colocado a fronteira natural entre Bornéu e a ilha Indonésia de Celebes.

A verdade é que após inúmeros debates atuais acerca desta temática, tem-se vindo a provar que as linhas de Wallace (precisamente assim chamadas em honra e memória de quem as descortinou em primeira instancia) estão, efetivamente, não muito longe do que prevera o cientista.

Todo este “conto” faz-nos refletir acerca da construção epistemologia, dos meios usados para atingir o conhecimento científico (que indubitavelmente mudam consoante as necessidades da sociedade) e das nossas capacidades mentais como pseudo-biólogos e “fazedores” da história.

No mundo, e sobretudo na biologia, nada é estático. Tudo é biodegradável, reciclável. Muitos fenómenos são cíclicos. E é importante lembrarmo-nos disso quando tentamos agir, criar, pensar.

Por Ana Catarina Narciso - baseado em “E 136 anos depois, o mapa-mundí das espécies animais foi actualizado”, in Público.