domingo, 3 de novembro de 2013

Máquinas, coisas pontiagudas, escravos - este post tem tudo!

Bom dia e sejam bem-vindos ao meu primeiro (e altamente demorado) post! A fim de perceber um bocado mais sobre os romanos decidi que devia pesquisar um bocado sobre a sua automatização (se é que se pode chamar isso) e partilhar com vocês o que encontrasse.

*****

A sociedade romana nunca desenvolveu uma economia industrial, nem parecer ter estabelecido qualquer teoria geral do progresso económico. Faltavam-lhe os instrumentos financeiros necessários ao investimento industrial e não tinham noções de produtividade ou procura e oferta de bens de consumo. Isto não significa que os romanos não tivessem espírito inventivo suficiente ou não o aplicassem quando detectavam e compreendiam uma necessidade específica, embora, para ser franco, é sempre essa a sensação com que fico quando me apercebo da quantidade de hábitos e tecnologias que eles pediram "emprestados" a outros povos.

A manufactura romana começou e manteve-se em pequena escala, ao nível do artesanato mais do que da indústria. Este fracasso no desenvolvimento de uma tecnologia industrial é por vezes atribuído á presença dos escravos, que se diz terem provocado uma onde geral de preguiça no que toca a tentar reduzir custos de trabalho por meio da mecanização. É claro que houve outros factores (muitas sociedades não esclavagistas também não se industrializaram):

No Império Romano havia frequentemente um excedente de mão-de-obra livre, especialmente nas grandes cidades o que levava a tentativas de mecanização diminutas, como é o caso do arquitecto Vitrúvio que recomendou o uso de uma máquina de ceifar do seu próprio engenho.

Mesmo assim nestes casos diminutos às vezes demonstrava-se um bocado de… falta de jeito. O uso de materiais impróprios para as tarefas esperadas dos aparelhos criados era comum, como por exemplo o caso dos equipamentos dos moinhos de água de Barbegal, construídos a partir de madeira e seguros aos seus eixos por cavilhas de chumbo quebradiças, fazendo com que estes precisassem de manutenção e reparações constantes.

Sinto-me obrigado a fazer uma menção aos famosos aquedutos, que embora tenham sido um grande avanço tecnológico não são propriamente mecanizados e, como tal, não vou dizer mais nada sobre eles. Pesquisem vocês. Preguiçosos.
Agora...



No que toca a tecnologia militar os romanos demonstraram desde sempre uma adaptabilidade incrível às manobras tácticas de outros exércitos e um estrito protocolo de treino e equipamento, conferindo ao exército romano um misto bem conseguido entre vanguardismo e inovação. 

O treino do exército romano era bastante standardizado: todos os bons legionários deviam conseguir marchar bem e marchar depressa (de maneira a compactar o exército e prevenir ataques aos flancos), tal como também deviam ser capazes de bons saltos em comprimento e altura, nadar bem e carregar sacos pesadíssimos às costas. Adicionalmente, quando o treino de combate propriamente dito começasse os legionários eram obrigados a fazê-lo com espadas de madeira concebidas para serem duas vezes mais pesadas do que as espadas a sério.

Vamos, finalmente, aos brinquedos. Todo o legionário possuía consigo este equipamento, a inovação em defesa pessoal e vazamento de vistas:
  • A sua armadura, embora diminuta pelos padrões imperiais europeus, protegia o torso e a perna esquerda (sobre a qual avançavam com o escudo). Alguns soldados mais abastados usavam também cota de malha sobre a armadura o que os fazia ter um peso grande o suficiente para afundarem (e consequentemente afogarem) como se verificou com desertores da batalha do lago Transimeno (Abril 217 A.C)
  • Um escudo grande e curvo – o scutum. Este escudo com cerca de 10 kg tinha um papel defensivo e ofensivo, protegendo o soldado de inúmeros projecteis e investidas com a sua enorme envergadura mas também permitindo a este abalroar o adversário com uma investida a alta velocidade (é muito mais difícil correr com 10 kg extra no braço do que parece).
  • Duas lanças, normalmente de 2 metros – as pila. [Sim, é assim que se chamam, grow up] Não há muito a dizer… Todos os exércitos têm uma “coisa-pontiaguda-que-atiras”; Esta era a dos romanos. Eram lançadas antes do combate mano-a-mano e tinham uma ponta de metal e um cabo de madeira substituível portanto podiam ser facilmente recuperadas e arranjadas.
  • Uma espada curta – o gládio ou gladius hispaniensis. Tinha um papel maioritariamente de perfuração, com pouco ênfase no corte, não por falta de capacidade (conseguiam desmembrar os alvos) mas porque se tornava mais fácil, devido ao tamanho e leveza da arma, perfurar (que diga-se de passagem é melhor contra armaduras do que o corte). Julga-se que foi introduzida por mercenários espanhóis na luta por Cartago na primeira guerra púnica (264 até 241 A.C)
  •  Um punhal – o pugio – que continua, pelo que eu consegui perceber, sem se saber bem se servia como uma arma de último recurso ou se tinha outro uso *para além / sem ser* este.



*****

É tudo por enquanto. Sou capaz de fazer uma segundo post a falar só sobre as tácticas romanas. 
We'll see.

Versão tl;dr : Não fizeram máquinas de jeito mas tinham um equipamento *fabuloso*.

Sem comentários: