Amanhã vou
fazer um intervalo, entre o banho e o pequeno-almoço, para descartar uma
qualquer hipótese relacionada com a ideia de animal de estimação. Lorenz andou por
cá, até aos oitenta e seis anos, fiél à ideia de que isto o mantinha jovem. Pode
ser que resulte comigo.
Entre 1903 e 1929,
Konrad Lorenz passou de uma infância a coleccionar animais para a licenciatura
em medicina, seguindo os desejos do seu pai. Talvez os pais saibam realmente,
pois um dos seus professores de anatomia provou ser um entusiasta anatomista
comparativo e embriologista, bem como defensor do método comparativo,
mostrando-lhe que estas áreas proporcionavam um melhor acesso aos problemas da
evolução do que a sua opção inicial, a paleontologia. Volvidos seis anos,
encontra-se doutorado em zoologia pela Universidade de Munique, com o seu
famoso estudo sobre Imprinting em gansos
publicado.
No cenário que
precedia a Segunda Guerra Mundial, o seu trabalho foi reconhecido pelo mais
tarde denominado Instituto Max Planck, que planeava criar um instituto para a psicologia
do comportamento que incluiria Lorenz e Erich von Holst. Sol de pouca dura, já
que em 1941 servia como médico no exército alemão e, um ano mais tarde, era
prisioneiro de guerra. Hitler e os interesses bélicos e políticos fazem o tempo
demorar o seu tempo, e Lorenz não é repatriado até 1948.
Possibilitado
de prosseguir o seu trabalho, muda-se para Buldern, e treze anos mais tarde
dirige o então criado Max Planck Institute for Behaviour Physiology, em Seewiesen,
cargo que ocuparia por doze anos, altura em que recebe, juntamente com Karl von
Frisch e Niko Tinbergen, o Prémio Nobel da Medicina/ Fisiologia, pelos seus
trabalhos em comportamento animal, com os quais contribuiu para a criação do
campo da etologia.
Lorenz faleceu
aos oitenta e seis anos, certamente jovial em virtude do seu exercício matinal,
deixando obras como On Aggression,
certo de que não levamos o humor suficientemente a sério e de que, um dia,
todos nós que brincamos às ciências saberemos tudo sobre coisa nenhuma.
«Every man gets a narrower and narrower field
of knowledge in which he must be an expert in order to compete with other
people. The specialist knows more and more about less and less and finally
knows everything about nothing.»
Konrad Lorenz
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